por Comunicação/ALE
O deputado Ronaldo Medeiros (MDB) fez duras críticas, na sessão desta quarta-feira, 23, ao comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, coronel André Madeiro, e à legislação que ampara o regime militar no Estado. O deputado disse que o comandante abriu diversos processos administrativos disciplinares contra seus subordinados pela exposição de opiniões pessoais. “O comandante que está perseguindo tem atitudes piores do que as que ele manda apurar. O coronel André Madeiro tem postagem nas redes sociais apoiando e pedindo voto para o presidente da República”, afirmou.
Em seu pronunciamento na tribuna da Casa, Ronaldo Medeiros ainda questionou qual a diferença entre pedir voto pessoalmente ou virtualmente. “Se vou a um ato político ou se apoio nas redes sociais é a mesma coisa. Isso que ele está fazendo é uma covardia. Ele, inclusive, curte várias postagens do presidente Bolsonaro”, disse. Ronaldo ainda solicitou que fosse feita a atualização da legislação militar. “Uma lei que pune de forma equivocada. Uma coisa é o militar de farda, outra é este mesmo cidadão numa praia. É preciso que o cidadão tenha a liberdade de ter opinião, desde que ela não macule a imagem de ninguém”, destacou.
Durante sua fala, o deputado informou que foi aberto um processo administrativo disciplinar contra a sargento Stephasny Domingos que, ao se vacinar, defendeu o SUS e a vacina. Por fim, o deputado mostrou no plenário postagem dos oficiais André Madeiro e Clemens Barbosa se manifestando politicamente nas suas redes sociais. “As pessoas têm a liberdade de pensar e de falar, desde que não ofendam a instituição ou qualquer pessoa. Esses senhores agem com duas canetas diferentes: uma para punir os seus subordinados e outra para pedir voto”, concluiu.
Em aparte o deputado Cabo Bebeto (PTC) fez questão de pontuar que o comandante acusado de perseguidor por Ronaldo Medeiros foi nomeado pelo governador. O deputado recordou que, nos seus 17 anos de polícia, sempre questionou o regulamento, mas nunca de forma desrespeitosa, e reconheceu que “a lei precisa evoluir”, acrescentando que espera que o Governo de Alagoas envie a referida legislação para atualização.
“Reconheço que às vezes alguns se manifestam em redes sociais porque não estão muito bem ou por outros motivos” e lembrou o protesto feito por ele, na frente do Palácio de Governo, quando abriu a quentinha fornecida à PM e o cardápio era frango, galinha ou galeto. “Fiz meu protesto, mas não desrespeitei ninguém. Criticar pode, desrespeitar não, independentemente de ser militar, deputado ou advogado”, afirmou Cabo Bebeto.
Também em aparte, o deputado Davi Maia (DEM) disse existir um motivo na legislação para restringir que os militares façam manifestações políticas. “Uma das questões é a politização das forças armadas, como aconteceu com o general Pazuello, que merecia ser punido, tal como a tenente-coronel Camila Paiva, quando foi à manifestação do PT. Quando um militar assume um posto, ele escolheu seu destino e sabia do regimento e da regra de não fazer manifestações políticas”, afirmou.