por Comunicação/ALE
Os efeitos da pandemia no setor produtivo, na educação e a vacinação em Alagoas geraram debate no plenário da Assembleia Legislativa durante a sessão plenária desta quarta-feira, 31. As questões foram abordadas inicialmente pelo deputado Cabo Bebeto (PTC), que apresentou reclamações de pais e alunos da rede pública do Sertão alagoano, com dificuldades de acesso às aulas online pela falta de Internet. A renovação do decreto governamental, que mantém o Estado na fase vermelha e com medidas restritivas de distanciamento social, também foi tratada pelo parlamentar, que voltou a criticar os impactos da medida no setor econômico. Bebeto disse continuar recebendo relatos de comerciantes que estão fechando suas portas e demitindo funcionários, e cobrou do Governo do Estado ações de socorro à classe produtiva.
“Tenho certeza que todos devem ter ouvido relatos de comerciantes agonizando. Reuni-me, em Arapiraca, com o setor de bares, restaurantes e lanchonetes e, só para ter uma ideia, de 8 a 29 de março, o ramo de alimentação demitiu 1.400 funcionários no município”, contou Bebeto, informando que a empresa Vale Verde, também instalada no município, demitiu 2.500 trabalhadores. “Uma demissão prevista, mas que poderia ter sido evitada. Só nesses dois setores, foram 3.900 pais de família desempregados, em 20 dias”, lamentou o deputado.
Cabo Bebeto informou que diante do quadro, apresentou uma indicação ao Governo, no sentido de um auxílio aos empresários, para que possam atender as medidas restritivas impostas pelo decreto. “A fim de que se disponham a ficar em casa e parem com a quebra de braço com o Governo, desde que se crie um auxílio. A proposta por mim apresentada foi para que se pague 30% do faturamento de 2019 e se crie um auxílio para o empregado”, disse, ressaltando que da forma como o Executivo está conduzindo a crise sanitária, “está quebrando as pernas do cidadão, para depois fornecer as muletas. O Governo não deixa o cidadão trabalhar, e não dá contrapartida efetiva. As pessoas estão entrando em desespero”.
“Estamos enfrentando uma guerra mundial”
Em apartes, os deputados Silvio Camelo (PV), Ronaldo Medeiros (MDB) e Davi Maia (DEM) se posicionaram sobre o tema. O primeiro, líder do Governo, lembrou que o Brasil bateu mais um recorde, com cerca de 3.600 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas. “O que está acontecendo hoje é reflexo do que deixou de ser feito pelo Governo Federal no início da pandemia”, avalia Camelo, criticando as ações negacionistas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não souberam conduzir a relação com países como a China, que detém a tecnologia e insumos para a produção de imunizantes. “As pessoas estão morrendo e Alagoas é um dos estados onde não há filas para UTI e onde não houve falta de oxigênio. Estamos enfrentando uma guerra mundial e Alagoas tem se destacado no combate à pandemia”, assegurou.
Na sequência, o deputado Ronaldo Medeiros emendou a fala do líder do Governo, citando outro exemplo da falta de compromisso da União, o veto ao PL 3.477, que previa a gratuidade de Internet para estudantes e professores, além da distribuição de tabletes para os alunos da rede pública. “O projeto custava R$ 26 bilhões, mas Bolsonaro vetou, dizendo que não tinha recursos para investir na educação. Então tem recursos para quê?”, questionou Medeiros, observando que as ações do Palácio do Planalto, em Brasília, se refletem em todos os estados brasileiros.
Por outro lado, o deputado Davi Maia, apesar de reconhecer os erros do presidente Bolsonaro na condução da pandemia – sobretudo no que diz respeito ao atraso na aquisição de vacinas -, disse que o Governo de Alagoas gosta de criar fatos em suas redes sociais. Maia citou a divulgação, por parte do Executivo, dando conta de que Alagoas é o único Estado que ainda não apresentou filas de espera em UTI. “Graças a Deus! Mas tem um dado altamente maléfico, que o Governo fez questão de esconder. Foi publicado no site Poder 360, que Alagoas é o Estado onde mais morrem pessoas nas UTIs”, informou o parlamentar, acrescentando que, segundo o site, de cada 10 pessoas internadas em UTIs, nove não sobrevivem. “O índice é de 91,7% de mortes a cada 100 internos; só são curadas 8,3% das pessoas”, destacou.