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Manifestação pede fim da violência contra mulheres negras no Rio

por Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

(Quarta Marcha das Mulheres Negras em Copacabana, no Rio de Janeiro, protesta contra a violência que atinge as mulheres negras em todo o país – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Uma passeata hoje (29) em Copacabana, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, protesta contra a violência que atinge as mulheres negras em todo o país. Segundo dados do Atlas da Violência 2018, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de homicídio de mulheres negras no país é de 5,3 por 100 mil habitantes.

O número é 73% superior ao registrado entre as mulheres não negras, cuja taxa de homicídios é de 3,1 por 100 mil habitantes. Os dados são de 2016. Em dez anos, a taxa de assassinatos de mulheres negras aumentou 15,4%, enquanto entre as não negras caiu 8%.

A Marcha das Mulheres Negras, feita anualmente desde 2015, tem uma pauta com 27 reivindicações, que incluem o fim do feminicídio da mulher negra, a investigação dos casos de violência doméstica, o fim do racismo e sexismo na mídia, o acesso à saúde de qualidade, o fim da violência contra religiões de matrizes africanas e a entrada de mais mulheres no poder.

“A gente vem denunciando isso desde que o mundo é mundo. O Estado brasileiro tem um projeto de execução [morte] do povo preto. E essa execução não se dá só com arma de fogo. Ela se dá quando você não tem saúde, quando você não tem casa, não tem educação, não tem qualidade de vida. A gente está comemorando neste ano os 70 anos da Carta dos Direitos Humanos [da ONU] e a gente está procurando esses direitos humanos até hoje”, disse Clatia Vieira, do Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio, uma das organizadoras da marcha.

Segundo Clatia, o assassinato de Marielle Franco, vereadora negra do PSOL carioca, que foi executada a tiros em março deste ano, coloca um peso maior na luta pelos direitos das mulheres negras.

“É claro que a execução da Marielle traz muitos medos para a gente que é militante. A gente tem medo. Mas o medo também traz a coragem, porque a gente precisa viver e sobreviver para cuidar dos nossos. A Marielle fica como um estímulo para a gente dizer que a luta é muito grande. A gente tem uma intervenção racista que não escuta a comunidade negra e que não tem proposta para a gente. Os números só são matar, matar preto”.