Cresce o número de líderes evangélicos que declaram apoio ao pré-candidato carioca
por Jarbas Aragão – Gospel Prime
Quem acompanhou o lançamento da pré-candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República, na quarta (7), percebeu que quando o senador Magno Malta (PR/ES) começou a falar, a maior parte do auditório lotado gritava: “Vice!, Vice!, Vice!”
Ele garantiu que não havia sido convidado, mas que isso não mudava seu apoio incondicional ao parlamentar carioca. Mesmo assim, cresce a expectativa de que ele seja anunciado como parte da chapa nas próximas semanas.
Além de Malta, estavam no auditório garantindo seu apoio os deputados federais Delegado Francischini (PSL/PR), João Campos (PRB/GO), Victório Galli (PSC/MT), todos membros da bancada evangélica, como Malta. Também havia alguns deputados estaduais evangélicos. Uma das palavras mais ouvidas durante os discursos foi “Deus”.
Independentemente das polêmicas que se envolveu no passado, e do fato de não ser declaradamente evangélico, Bolsonaro parece estar repetindo o “fenômeno Trump” por aqui. Nos EUA, o bilionário que está no terceiro casamento, teve apoio maciço dos evangélicos por sua postura conservadora. Cercado de pastores, ele contrariou as expectativas e se elegeu apesar das tentativas constantes da mídia em “desconstruir” sua imagem.
Tanto Malta quanto Bolsonaro têm história na defesa da família e dos valores conservadores no Congresso. Até Silas Malafaia, que não é político, mas possui influência sobre vários, que no passado teve diferenças com Jair, agora ensaia uma aproximação. Foi o pastor da Vitória em Cristo que fez o casamento de Bolsonaro com Michelle, que é membro da sua igreja.
Uma foto tirada na terça (6), publicada nas redes sociais, mostra Malta, Jair, seu filho Flavio e Malafaia reunindo-se na casa do pastor, no Rio.
Silas Malafaia, Jair Bolsonaro, Magno Malta e Flávio BolsonaroSilas Malafaia, Jair Bolsonaro, Magno Malta e Flávio Bolsonaro Foto: Reprodução/Instagram
Dois dias depois, Malta deu entrevista à Folha de São Paulo, onde comentou a possibilidade de ser vice-presidente. “Quem fala isso são as redes sociais. Sou candidato à reeleição. Agora, minha vida está na mão de Deus. Do meu futuro não sei. A única coisa que sei é que o presidente será Bolsonaro, eu de vice ou não.”
O otimismo do senador tem razão de ser, afinal Bolsonaro em algumas pesquisas já aparece em primeiro lugar.
Aos que criticam sua postura de não se dobrar às pautas progressistas, o senador garante: “O povo se enojou do politicamente correto. A gente acredita num Brasil que volte a cantar o Hino Nacional, que não glamuriza vagabundo.”
Em sua fala, Malta deixa claro que vê a ação divina em todo o processo desencadeado pela Lava Jato: “Deus levantou a tampa do esgoto e nós passamos a ver os ratos, conhecemos os ratos e sabemos seus apelidos. Passaram 15 anos atacando família. Por menos que isso, Deus destruiu Sodoma e Gomorra”.
Rotulados de “extrema direita” pela maioria dos jornais do país, que fazem o mesmo contra qualquer um que se oponha à agenda globalista de destruição dos valores cristãos, tanto Malta quando Bolsonaro defendem causas como o direito do cidadão portar armas para se defender, a redução da maioridade penal e a luta contra a ideologia de gênero e a legalização das drogas.
“Não é direita, é endireita, de endireitar o Brasil. Agora, se me chamam assim porque eu quero emparedar vagabundo, muito obrigado por isso”, minimiza o senador do PR.
Congresso mais conservador
A aproximação de Bolsonaro com os evangélicos pode render-lhe um grande apoio no Congresso caso seja eleito. Malta faz parte de um grupo que procura aumentar a presença de senadores cristãos (incluindo aqui os católicos conservadores). Sua articulação junto ao segmento pode ser fundamental para a “governabilidade” de Bolsonaro, um dos motivos mais comuns para quem desdenha de sua chance de sucesso, caso vença as eleições.
Com quase cerca de terço da população declarando-se evangélica, atualmente são apenas 3 entre os 81 membros do Senado. Entre os nomes que surgem com mais força na corrente “pró-Bolsonaro” para 2018 estão os evangélicos Delegado Francischini (PR), João Campos (GO), Flavio Bolsonaro (RJ), e os cantores gospel André Valadão (MG) e Irmão Lázaro (BA).
Já na Câmara, a expectativa é elevar o número de 79 para 150 deputados evangélicos. Embora nem todos declarem seu voto em Bolsonaro, fica evidenciado que o congresso a partir de 2019 pode ser o “mais conservador” de todos os tempos.