Peça da grupo Infinito Enquanto Truque será apresentada nesta quarta (15), às 19h30, após performance do Grupo Aiê Orum
por Hannah Copertino – Agência Alagoas
O 15 de novembro é dia de festa para a cultura alagoana; dia de celebrar o aniversário do Teatro Deodoro, considerado o templo das artes de Alagoas. Agora, em 2017, o prédio histórico, patrimônio do Estado, completa 107 anos e, para comemorar, teremos estreia do espetáculo ‘Evoé’, do grupo Infinito Enquanto Truque.
A programação começa às 19h, com a performance-manifesto ‘Raça Negra, Manifesto, Resistência e Luta’, da Cia de Teatro e Dança Afro Aiê Orum, no hall do teatro, e segue, às 19h30, com Evoé. A entrada é gratuita.
Evoé é uma saudação feita pelos que festejavam Dionísio ou Baco, considerado o Deus do vinho, da alegria, da festa e, também, do teatro. A peça reúne trechos de textos desde a Grécia Antiga, a exemplo de Medeia; passa por Shakespeare, até textos mais contemporâneos e brasileiros, como cenas de Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues.
Segundo o diretor e ator, Lael Correia, o nome Evoé surgiu tendo as grandes obras dionisíacas como referência; é uma saudação que vem desde a Grécia Antiga e se solidifica em Roma. O espetáculo tem como base a tragédia; há um trecho cômico, mas a essência é a tragédia e, a cada cena, vai visitando grandes textos clássicos.
Lael conta que a montagem surgiu com uma oficina teatral, juntando atores iniciantes com veteranos. No elenco tem Amaro Aguiar, Aline Rocha, Allan Ridd, Bárbara Marcelly, Ivan Nunes, Jean Lenzi, Lucas César, Matheus Marin e Regis Anário, além dos convidados Analice Souza, Delberto Santana, Diva Gonçalves, Jadson Andrade, Naéliton Santos, Paula Quintino e participação especial de Otávio Cabral.
“O aniversário de 107 anos do Teatro Deodoro veio casar com uma ideia que eu tinha de fazer um espetáculo que celebrasse o próprio teatro, o teatro falando do teatro. A gente escolheu como inspiração as grandes obras dionisíacas, onde os artistas se lançavam , como Sócrates, Eurípedes… que iam mostrar suas peças, os poetas recitavam seus textos. A gente tem uma brincadeira com o coro das tragédias gregas, que celebra o teatro, convidando poetas para declamarem seus textos”, explica Lael Correia.
O Grupo Infinito Enquanto Truque existe há 27 anos. O último espetáculo foi há dois anos. Leal Correia, que chega aos 35 anos de carreira, explica que à medida que o grupo amadurece, vai ficando mais criterioso e o processo fica mais longo.
Ele relembra espetáculos marcantes como Ratofuso, uma adaptação de Angústia, de Graciliano Ramos, que ficou dois anos circulando pelo país e ganhou muitos prêmios. Além de espetáculos como Navegantes, feito com base nos textos de Fernando Pessoa, e Madame, Pressing e Genética, inspirado em obras de Jean Genet. Lael também lembra de peças baseadas em textos de Arriete Vilela e Kafka.
Quando o grupo surgiu, todos os teatros de Maceió estavam fechados para reforma. O Infinito Enquanto Truque nasceu das dificuldades, na década de 1990, e resistiu. O grupo já se apresentou em circos, praias, bares com peças, performances e recitais, até chegar ao teatro.
Além do aniversário de 107 anos do Teatro Deodoro, Evoé marca a volta do grupo Infinito Enquanto Truque e de Lael Correia aos palcos. “A minha geração tem muito carinho pelo Deodoro. Aliás, a nova geração também! Para todo mundo que faz teatro, o primeiro sonho é encenar no Teatro Deodoro. Um teatro vivo, que mantém calendário apertadíssimo. Até pra ensaiar se torna difícil, e isso é muito positivo”, afirma Lael.
Abertura
A arte vai dar as boas-vindas ao público no hall do Teatro Deodoro, com a performance-manifesto Raça Negra, Manifesto, Resistência e Luta, da Cia de Teatro e Dança Afro AiêOrum, que começa às 19h.
Diego Bernardes, Adara César, Aninha Toledo, Dalmo de Oliveira, Ângelo Marley, Kaick Souza, Luciana Maria, Remildo Gueto, William Maxwel, Lorennys Pérez e Juliana Sena falam da resistência e luta do povo negro e reafirmam as belezas da sua cultura, destacando ainda os heróis negros e a herança deixada por eles.
A Cia de Teatro e Dança Afro Aiê Orum ocupa a sala de dança do Complexo Cultural Teatro Deodoro desde 2015 com ensaios e oficinas gratuitas de dança para a comunidade.
“Pra gente, é um momento único poder participar da programação dos 107 anos do Teatro Deodoro, porque não tínhamos uma representatividade negra. É um espaço importante pra reafirmar a nossa cultura”, disse o coordenador da Cia. e produtor cultural Diego Bernardes.
Serviço:
Aniversário de 107 anos do Teatro Deodoro
Performance-manifesto Raça Negra, Manifesto, Resistência e Luta, da Cia de Teatro e Dança Afro Aiê Orum e Espetáculo Evoé, do Grupo Infinito Enquanto Truque
Data: Quarta-feira (15/11),
Horário: 19h
Local: Teatro Deodoro, Centro de Maceió
Entrada gratuita