Redação A Hora News
(Foto Mulheres do Uzbequistão
No Uzbequistão, a submissão da mulher deve ser total a seus pais e maridos, quando casadas. Essa situação agrava a perseguição a cristãs no país | Foto meramente ilustrativa/ Portas Abertas)
Pela primeira vez, a perseguição às mulheres cristãs (diferente da perseguição a homens) foi examinada pelos analistas da Lista Mundial da Perseguição. A lista, compilada pela Portas Abertas, pesquisa mais de 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
A pesquisa “Os Perfis de Perseguição de Gênero” revela uma surpreendente exploração em múltiplas camadas das vulnerabilidades estruturais das mulheres cristãs: elas são expostas a quase o dobro de fatores de perseguição que os homens cristãos.
Este ano, a equipe da Lista Mundial da Perseguição pesquisou e concluiu o que poucos, mesmo na igreja livre de perseguição, querem reconhecer: que as complexas pressões que as mulheres cristãs experimentam regularmente são as mais cruéis e bem diferentes do que a que os homens são submetidos.
Durante entrevistas e observação a grupo de mulheres nos mais diversos países, grande número de pressões “comuns” listadas pelas mulheres em relação aos homens é quase significantemente ímpar. Em contextos onde as mulheres já estão em desvantagem, em países em que são obrigadas a se manter à margem da sociedade, as mulheres cristãs são especificamente e mais frequentemente alvo de três táticas de coerção, violência e perseguição: casamento forçado, estupro (muitas vezes coletivo) e outras formas de violência sexual.
Por outro lado, os homens cristãos relataram uma mistura inteiramente diferente de perseguição. Países hostis ao cristianismo perseguem homens cristãos no que se relaciona a trabalho (não existe trabalho para eles ou são submetidos a trabalhos indignos); Recrutamento militar ou de milícias (obrigando-os a se alistar a grupos extremistas); e violência física não-sexual (torturas, apedrejamentos, violência de família e comunidade).
Os pesquisadores encontraram um exemplo claro dessa dinâmica de perseguição no Uzbequistão, onde “a submissão total é esperada das mulheres para seus pais e se casadas, para seus maridos”. A pressão não vem apenas da família, mas também do Estado e, para os fiéis ortodoxos, da Igreja: “Isso as torna mais vulneráveis à perseguição – tanto como cristãos quanto como mulheres que desafiam a ordem existente. Mulheres e meninas cristãs sofrem abusos verbais e físicos, ameaças, espancamentos, detenções, interrogatórios, multas, prisão, perda de emprego, discriminação, excomunhão, prisão domiciliar, casamento forçado, violência familiar e estupro, vergonha, divórcio e perda de bens.
Mas qualquer que seja a forma, o objetivo final de toda a perseguição por gênero é destruir comunidades cristãs locais, como evidenciado por um relatório detalhado sobre o assunto publicado após o sequestro das garotas do Chibok, na Nigéria, em 2014. Conclui-se, então, que as comunidades que têm suas mulheres sequestradas, mortas ou perseguidas são enfraquecidas.
Baseada nos resultados dessa pesquisa, diante da conclusão perturbadora de que as mulheres cristãs são expostas ao dobro de fatores de perseguição que os homens, a Portas Abertas está trabalhando para fortalecer as mulheres perseguidas pela fé, criando campanhas e dispositivos de auxílio principalmente das mais vulneráveis, como viúvas, mulheres solteiras e meninas.