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Dellagnol comenta decisão de Fachin e fala no risco de retrocesso no combate à corrupção

Redação A Hora News

Legenda: Preocupação é que o processo prescreva, impedindo que o ex-presidente seja punido| Foto: Secom/MPF

O Procurador da República Deltan Dellagnol, que foi peça chave para a Operação Lava Jato conseguir prender grandes políticos e empresários envolvidos com corrupção, comentou a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações do ex-presidente Lula.

Dellagnol fez três comentários sobre o caso. O primeiro foi sobre a Vara de Curitiba ser julgada muitas vezes como sendo competente para julgar o caso, uma vez a investigação começou por lá.

Até mesmo o STF decidiu sore isso. “Contudo, houve uma expansão gradativa do entendimento do STF de que os casos da Lava Jato deveriam ser redistribuídos pelo país”, explicou.

E essa redistribuição realmente aconteceu. “Então vencido, o Min. Fachin entendeu que o Tribunal precisava ser coerente e ‘apartidário’, aplicando o mesmo entendimento ao ex-presidente”, completou o procurador.

Dellagnol respeita a decisão de Fachin e diz que o ministro sempre “teve uma atuação correta e firme, inclusive na operação Lava Jato”, por isso, ele conclui que “apesar de entender de forma diferente, aplicou o entendimento estabelecido pela maioria da 2ª Turma do STF”.

O segundo ponto é sobre o caso do ex-presidente Lula ser julgado na vara do Distrito Federal. Aconteceu que, pelo tempo do processo, ele pode prescrever.

Apesar disso, o procurador reafirma: ” Várias questões serão rediscutidas nos tribunais. Nada disso, contudo, apaga a consistência dos fatos e provas, sobre os quais caberá ao Judiciário a última palavra”.

O terceiro ponto é um alerta sobre os retrocessos que podem surgir no combate à corrupção no país. A Operação Lava Jato conseguiu descobrir, julgar e punir o maior escândalo de corrupção da história brasileira.

“Precisamos discutir essas amplas mudanças em curso (e aqui não falo mais do caso concreto) para decidir se queremos ser o país da impunidade e da corrupção, que corre o risco de retroceder vinte anos no combate a esse mal, ou um país democrático em que impere a lei”, encerrou ele no Twitter.