Redação A Hora News
Legenda: Falta UTI em várias cidades do país e medo das autoridades é que comece a faltar leitos | Foto: Pexels
O sistema de saúde pública e privada não estão preparadas para atender a quantidade de pacientes em estado grave com covid-19.
Por isso, entidades médicas desenvolveram um protocolo que auxilia profissionais de saúde a escolher quais pacientes devem ser tratados com prioridade.
Elaborado pela Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), Abramede (Associação Brasileira de Medicina de Emergência), SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos), o protocolo segue diretrizes técnicas em conformidade com legislação e a bioética.
Segundo a coordenadora da força-tarefa da Amib, Lara Kretzer, as diretrizes ainda não estão sendo aplicadas, mas que podem ser necessárias nos próximos dias.
“Escolhas terão que ser feitas. Nossa preocupação é que esse processo esteja sendo feito de uma maneira que não é clara, que a gente não possa prestar contas ao público como um todo. E mais do que isso, colocando todo o peso da responsabilidade nos profissionais de saúde que estão na linha frente”, disse ela ao R7.
Os profissionais de saúde terão que escolher quem vai ser alocado um ventilador ou uma vaga de UTI, decisões que precisam respeitar as seguintes prioridades:
• A gravidade da expressão da doença aguda (o número de órgãos comprometidos pela covid-19);
• A existência de doenças crônicas que poderiam representar um curto período de vida pela frente mesmo sem a infecção pelo coronavírus;
• E a medida da capacidade funcional, ou da reserva biológica do paciente — quanto mais debilitado fisicamente, mais difícil será para superar a covid-19.
Kretzer explica que não são todas as situações que as pessoas jovens terão prioridade e os mais velhos serão deixados para trás.
Inclusive ela cita um exemplo: “Posso ter um senhor de 80 e poucos anos que não tem doença nenhuma, que está bem fisicamente; e do lado dele, um paciente com 40 anos, com câncer avançado e predominantemente acamado. Neste caso, o senhor de 80 anos passaria na frente. Embora essa questão de doença e reserva biológica tenha uma relação com a idade, não é uma relação que faça com que os jovens vão sempre passar na frente”.
Outra explicação dada pela coordenadora da Amib é que um dos critérios que podem definir que um paciente não vá para a UTI é a vontade própria, explica a médica.
Segundo ela, há pessoas que dizem que já viveram bastante e preferem não ir para a unidade de tratamento intensivo. Outro item estabelecido no protocolo diz respeito à permanência em UTI de pacientes sem chance de superar a doença.
A família seria informada que, naquele momento, o paciente não foi priorizado e que aguardará na fila para o leito de UTI. “É muito doloroso, muito difícil, mas partimos do princípio de que a transparência é o elemento que vai trazer o mínimo de confiança e segurança para o processo.”