Evento teve o encerramento nesta sexta-feira (15), no auditório da Unit, em Cruz das Almas
por Marcel Vital- Agência Alagoas
(Profissionais da Atenção Básica, Caps e técnicos da área de saúde participaram de palestras, mesas redondas e conferências – Fotos: Carla Cleto)
Dando continuidade ao II Seminário da Rede de Atenção Psicossocial (Raps): Estratégias de Cuidado no Território, promovido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), nesta sexta-feira (15), os profissionais da Atenção Básica, Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e técnicos da área de saúde participaram de palestras, mesas redondas e conferências, que fortaleceram ainda mais a Rede Psicossocial nos municípios alagoanos, a fim de garantir um melhor atendimento para os pacientes com sofrimento mental. O evento aconteceu no auditório da Universidade Tiradentes, localizado no bairro Cruz das Almas, em Maceió.
De acordo com o coordenador do setor de saúde mental da Sesau, Berto Gonçalo, o seminário representa uma luta diante do que foi conquistado com a Reforma Psiquiátrica, há, praticamente 30 anos, visto que foi possível um novo olhar diferenciado sobre a loucura, privilegiando o cuidado humanizado e individualizado em sofrimento psíquico.
“Esse seminário vai muito além de aspectos inerentes à saúde, contemplando todos os âmbitos que perpassam a vida cotidiana dos sujeitos, proporcionando, assim, um aumento na autonomia desses indivíduos, resgatando a cidadania em todas as nuances do seu viver”, destacou o coordenador.
Durante o evento, foram debatidos assuntos sobre a Política de Atenção ao usuário de álcool e outras drogas e internamento involuntário como último recurso de tratamento, ministrados pela psicóloga e supervisora Clínico Institucional de Caps de Recife, Marcela Lucena, e pela médica e perita do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), Isabel Perini.
O secretário Executivo de Ações de Saúde, Paulo Teixeira, representando o secretário de Estado da Saúde, Christian Teixeira, aproveitou o momento para ressaltar que a integração social é um processo que deve ser promovida a todo tempo dentro dos serviços comprometidos com a Reforma Psiquiátrica, contribuindo em todas as suas ações para o fortalecimento da cidadania do indivíduo, sendo o foco central da reabilitação psicossocial.
“Para que a reintegração social aconteça é de suma importância que estratégias de cuidado sejam implementadas nos diversos dispositivos que compõem a rede de saúde mental, promovendo atividades fora dos serviços, pois estes instrumentos se apresentam de maneira especializada proporcionando oferta às diversas especificidades de cuidados”, frisou Paulo Teixeira, durante o seu discurso à plateia.
Fábio Passos, membro da Defensoria Pública do Estado, discutiu o processo de desinstitucionalização como estratégia da Rede Psicossocial de Alagoas, que contribuiu para a transformação nas práticas em saúde mental, visto que ainda hoje é almejado e buscam-se maneiras efetivas de desconstrução do modelo manicomial, que, muitas vezes insiste em renascer dentro dos serviços substitutivos.
“Acredito que essa busca por diminuir a quantidade de internações, ou seja, a colocação de pacientes mentais em hospitais deve ser perseguida, mas não precisa ser considerada como algo que está superado. As instituições psiquiátricas devem ser mantidas, sim, mas o que deve ser observado é que as pessoas que cheguem nessas instituições, passem, efetivamente, por avaliações, para que assim que ela deixar a instituição consiga retornar ao convívio em sociedade. Contudo, acabar com esse instrumento é algo extremamente grave e vai prejudicar, especialmente, a população mais carente”, afirmou o defensor.
Após o intervalo para o almoço, os participantes apreciaram o minicurso sobre os desafios na atenção às pessoas em sofrimento por uso de drogas. Também houve um momento de avaliação do evento e, logo em seguida, o encerramento.