Evento, iniciado iniciado na sexta (29), prosseguiu até este sábado no Hotel Ponta Verde
Para fortalecer ainda mais a Campanha Setembro Verde, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e a Central de Transplantes de Alagoas promoveram, nesta sexta-feira (29), o III Simpósio sobre doação de órgãos e tecidos no Estado de Alagoas. O propósito do evento, que acontece até este sábado (30), no Hotel Ponta Verde, é conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos e, ao mesmo tempo, explicar os procedimentos necessários para viabilizar uma doação.
O evento teve início com uma peça teatral encenada pela Companhia Assis Teatro e Produção Cultural, que trouxe conscientização e informação sobre transplantes de órgãos em Alagoas, reforçando o bem único que esse ato de amor repercute na vida de quem recebe a doação e de todos aqueles que cercam o receptor.
Em seguida, familiares deram seus depoimentos emocionados falando a respeito da importância da doação de órgãos que, além de ser um ato de amor ao próximo, também é vital para melhorar a realidade dos transplantes em Alagoas.
“Ganhei uma nova chance de viver. Hoje, mais do que nunca, enxergo a doação de órgãos como um gesto de amor ao próximo”, declarou, emocionado, o transplantado José Milson Lopes, de 64 anos, que há quatro anos foi submetido a um transplante de fígado, depois de ficar por mais de 11 meses na fila à espera de um órgão.
E neste mês, onde se realiza a campanha nacional Setembro Verde, que tem como objetivo sensibilizar a sociedade para a causa e incentivar cada vez mais a doação de órgãos e tecidos, José Milson ressaltou que, além de ser um gesto de solidariedade, a doação pode ajudar a salvar inúmeras vidas.
“Passei por uma fase muito difícil. Foram meses com a saúde debilitada, mas nunca desisti. Até que, finalmente, fui beneficiado com um fígado. A doação e o transplante salvaram a minha vida e eu realmente sei a importância desse gesto. Por isso, sempre faço questão de ressaltar que a sociedade precisa se sensibilizar e se conscientizar que a doação de órgãos e tecidos pode dar a chance de outras pessoas sobreviverem. É com certeza um ato de solidariedade”, disse o transplantado.
José Milson contou, ainda, que a recusa das famílias é um dos grandes impasses para as doações. “Sabemos que não é difícil lidar com a morte de um ente querido, mas, apesar do momento complicado, precisamos pensar no outro e não negar quando houver a possibilidade da doação. É importante lembrar que este ato pode ajudar uma ou mais pessoas que estão sofrendo por algum tipo de doença. É possível transformar a dor da perda em um gesto de amor ao próximo”, afirmou.
Na ocasião, o secretário de Estado da Saúde, Christian Teixeira, destacou que as mesas-redondas, palestras, debates e apresentações culturais do simpósio são uma oportunidade única para incentivar ações que estimulem a doação de órgãos.
“Em Alagoas, apenas este ano, já foram feitos 92 transplantes. No entanto, 470 pessoas ainda estão na fila de espera. O Estado tem potencial para melhorar as doações de órgãos e tecidos, tanto que, em período de campanhas, como esta do Setembro Verde, as pessoas ficam mais sensibilizadas. Precisamos, sim, de campanhas permanentes, mas também da conscientização de toda a sociedade para a importância desse ato. A doação de órgãos precisa deixar de ser um tabu’, afirmou Christian.
Em sua breve fala, Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, frisou que, em meio ao sofrimento da perda, permitir à equipe médica que retire partes do corpo, como coração, pulmão e fígado, pode ser difícil. Por isso, é importante que quem pretende ser doador informe seu desejo aos familiares.
“A decisão é da família após a morte. É isso o que diz a nossa legislação sobre o transplante. No mundo, trabalha-se com o consentimento informado, como é aqui no Brasil, e o consentimento presumido, em que há um registro de não doadores. Mas, mesmo países que adotam um sistema como o nosso, poderiam se beneficiar de um registro de doadores que tenha validade. Porque, aí, a decisão passa a ser da pessoa, em vida”, afirmou a coordenadora.
Além do secretário de Estado da Saúde, Christian Teixeira e da coordenadora da Central de Transplantes, participaram da abertura do III Simpósio sobre Doação de Órgãos e Tecidos, o superintendente de Atenção à Saúde, José Medeiros, a gerente do Hemocentro de Alagoas (Hemoal), Verônica Guedes e a coordenadora geral-adjunta do Sistema Nacional de Transplantes, Patrícia Freire. Também participaram do evento o responsável pela Associação dos Renais Crônicos e Transplantados de Alagoas (Arcal), Wellington, o representante do Laboratório de Histocompatibilidade (Histocom), Márcio Galdino e a responsável pelo Banco de Olhos do Hospital Universitário (HU), Andréa Maria Santos.