Empresa alvo da Operação Rebote por rombo de R$ 400 milhões teria orientado investimento de alto risco com recursos da previdência municipal
por redação com assessoria
Durante a sessão desta terça-feira (14) na Câmara de Vereadores de Maceió, o vereador Rui Palmeira (PSD) denunciou que a aplicação feita pelo Instituto de Previdência dos Servidores de Maceió (IPREV) em letras financeiras do Banco Master contou com a orientação da Crédito e Mercado Consultoria de Investimentos, empresa investigada pela Polícia Federal por envolvimento em um rombo de R$ 400 milhões no Instituto de Previdência da Prefeitura de Campos dos Goytacazes (PreviCampos).
De acordo com documentos obtidos pelo vereador, na ata da reunião que ratificou a transferência de R$ 117 milhões ao Master consta a presença de Renan Calamia, representante da Crédito e Mercado, responsável por apresentar as propostas de aplicação no Banco Master. A consultoria é a mesma envolvida na Operação Rebote, deflagrada em 2023, que apurou prejuízos bilionários causados a fundos de previdência municipais em todo o país.
“Estamos falando de recursos que pertencem aos aposentados do município e dependem dessa previdência para garantir seu futuro. Não é aceitável que sejam expostos a esse tipo de operação arriscada”, afirmou o vereador.
Um dos pontos destacados foi a relação do atual secretário da Fazenda de Maceió, João Felipe, com o caso. Antes da operação policial, ele atuou como subsecretário de Finanças de Campos dos Goytacazes, município onde trabalhava a mesma consultoria hoje contratada pelo IPREV Maceió, e chegou a depor na CPI que investigou o caso, na condição de auditor do município. Mesmo ciente do histórico da empresa, o secretário, que também integra o conselho do Instituto de Previdência, não se opôs à sua atuação como consultora na Prefeitura de Maceió.
“É, no mínimo, muito estranho que a mesma empresa investigada pela Polícia Federal também preste consultoria para 7 dos 12 institutos de previdência que investiram em letras ‘podres’ do Banco Master, o que vem comprometendo gravemente o patrimônio dos fundos e causando um prejuízo incalculável aos aposentados e pensionistas”, declarou Rui Palmeira.
Apesar do IPREV afirmar que rompeu o contrato com a Crédito e Mercado, não há registro do distrato no Diário Oficial, e a empresa segue listada como referência da Prefeitura de Maceió. O contrato foi firmado em 2022 por dispensa de licitação e permaneceu inclusive durante o período que a consultoria foi investigada pela PF.