/Mostras artísticas expõem talento e sensibilidade de estudantes alagoanos

Mostras artísticas expõem talento e sensibilidade de estudantes alagoanos

Quadrinhos é a estreante entre as artes expostas na tenda em frente à Escola Estadual José da Silva Correia Titara, no Cepa

por Manuella Nobre – Agência Alagoas

(Júlio mostra suas réplicas de Graciliano Ramos e Aurélio Buarque de Holanda – Foto: Fotos: José Demétrio)

Sensibilidade, talento e criatividade foram as marcas das Mostras de Artes Plásticas, Fotografia e Quadrinhos da terceira edição do Encontro Estudantil da Rede Estadual de Alagoas. As obras ficam expostas até esta sexta-feira (23) em frente à Escola Estadual José Correia da Silva Titara.

Os jovens talentos trouxeram uma variada seleção de registros fotográficos e obras, em pinturas em tela e desenho, esculturas e instalações para o evento, que teve a Mostra de Quadrinhos como a novidade deste ano.

“Os trabalhos estão muito bons e a escolha dos finalistas foi decidida nos detalhes. Os alunos estão de parabéns”, declara o superintendente de Políticas Educacionais da Seduc, Ricardo Lisboa Martins, um dos avaliadores destas mostras.

As artes e seus criadores

As belezas e encantos retratados em cada um dos trabalhos não estão só nas artes expostas, mas no cuidado, no capricho e nas vivências por elas proporcionadas aos seus criadores, verdadeiros artistas.

A “Sinhá Vitória”, personagem de “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, esculpida na madeira, foi a escolhida entre a variedade de esculturas produzidas pelo aluno José Aderlânio Silva de Lima, da Escola Estadual Antônia Macedo, de Palmeira dos Índios. “Desde os oito anos desenvolvo esses trabalhos, passados pelo meu pai, Claudemir, que cresceu também fazendo esse trabalho. Estou muito feliz em poder me apresentar aqui, ajudou bastante na divulgação das minhas obras”, afirma.

A beleza da mulher indígena foi destacada pelas índias expositoras Geovana Felix da Silva e a professora Jaracinã Celestino, da Escola Estadual Indígena Cacique Alfredo Celestino, de Palmeira dos Índios, com registro fotográfico “Nós se encanta, mas não morre”. Outras obras também abordaram a temática indígena, como a índia Iracema, personagem de José de Alencar, ilustrada na escultura em papel marche, do estudante Wellington Soares, da Escola Estadual Lucilo José Ribeiro, de São José da Tapera; na pintura surrealista em 3D da aluna Elisa Rebeca Coelho Maciel, do Colégio Tiradentes da Polícia Militar e na fotografia de Anderson Ferreira, estudante da Escola Estadual Edite Machado, de Capela.

“Gosto da fotografia. Mostra o sentimento. O que não conseguimos expressar em palavras, expressamos em arte. Nesse caso, mostra que nossa cultura está mais do que viva”, afirma Geovana, que registrou seus primos na reserva sagrada do EUKA, do povo Xucuru Kariri.

Mais destaques

O evento contou ainda com a presença de dois veteranos da Mostra de Artes Plásticas, ambos premiados em edições anteriores: Júlio José Teodósio de Oliveira, do Colégio da Tiradentes PM, 1º colocado em 2016 com a escultura de um dinossauro e Clécio José, da Escola Estadual Santos Ferraz, vencedor da edição 2017 com o painel de cabeças de gado. Este ano, Júlio trouxe réplicas das esculturas de Aurélio Buarque de Holanda e Graciliano Ramos, enquanto Clécio trouxe estrutura de arame farpado cercando livros.

“Este ano venho com uma nova técnica, onde fiz a escultura a partir de manequins. Minha obra é interativa. O visitante tenta pegar o livro e tem como obstáculo o arame farpado. Quis mostrar dessa forma a dificuldade que muitas pessoas ainda tem de acesso ao conhecimento”, conta Clécio.

E na Mostra de Quadrinhos, novidade de 2018, também não faltou criatividade e reflexão sobre aspectos do cotidiano, como “O ritmo da vida”, do estudante Damião Rocha da Silva, da Escola Estadual Humberto Mendes, inspirado na obra “Cidadezinha Qualquer”, de Carlos Drummond de Andrade. “Como moro no interior, tenho muito esta referência. Na obra o autor fala da ‘lentidão’, ‘a vida vai devagar’. Quis mostrar isso”, destaca Damião.