Programa pioneiro no Brasil garantiu estágio remunerado para estudantes indígenas atuarem dentro de suas comunidades.
por Beatriz Caroline* / Ascom Seplag (Sob supervisão)
Programa abre oportunidades de emprego para graduandos de Licenciatura Indígena – Foto: Rodrigo Marinho / Ascom Seplag
Desenvolvido pela Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) por meio da Escola de Governo de Alagoas (Egal), o Programa Primeiro Emprego Indígena, já transformou a vida de vários estudantes indígenas alagoanos. A iniciativa Governo de alagoano, pioneira no Brasil, promove não apenas a inserção desses alunos no mercado de trabalho, mas também reforça a identidade cultural e o desenvolvimento dos povos indígenas do estado.
De acordo com o censo de 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 0,82% da população de Alagoas se identifica como indígena. O Estado conta com 12 etnias reconhecidas e 27 escolas estaduais indígenas, além de mais oito em construção. Foi nesse cenário que surgiu o programa Primeiro Emprego Indígena, em abril de 2023. A iniciativa é exclusiva para os alunos do curso Licenciatura Intercultural Indígena (Clind) da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), e atualmente, dos 220 alunos matriculados, 150 já foram contemplados com bolsa de estágio no programa.
A coordenadora do Primeiro Emprego Indígena, Rose Damas, ressalta a importância e o orgulho dessa iniciativa pioneira no país: “Esse programa representa uma oportunidade importantíssima de conexão com os povos indígenas de Alagoas. Mais do que a concessão de bolsas, ele se destaca pela força da coletividade e pela união dos diversos órgãos envolvidos. Nas salas de aula das escolas indígenas, os estagiários puderam expressar todo o seu potencial, tornando-se exemplos e inspiração para que outros também sonhem e alcancem o espaço da educação”.
Ampliando oportunidades
Hoje, estudantes de todas as 12 etnias participam do programa, com a maioria atuando nas escolas das suas próprias aldeias. Alguns alunos, após ingressarem no estágio, conseguiram se colocar profissionalmente no mercado, conquistando oportunidades em concursos e processos seletivos simplificados, demonstrando a efetividade do programa como um impulsionador de carreira.
“O programa tem um olhar direcionado à inclusão. É um marco na história do nosso Estado”, destaca Emmanuelle Trindade, superintendente da Escola de Governo. “Ao permitir que os estagiários atuem dentro de suas comunidades, fortalecemos sua cultura e promovemos crescimento profissional”.
Além de incluir a iniciativa ajuda a manter os estudantes na universidade, como ressalta a coordenadora do CLIND, professora Iraci Nobre: “Com o salário, os alunos passaram a ter condições reais de permanência na universidade, acesso a equipamentos, internet, livros, e melhorias significativas na qualidade de vida. Cada aluno formado representa uma conquista na luta por uma educação indígena qualificada”.
Para participar do programa, os estudantes selecionados precisam atender a critérios básicos como a idade mínima de 18 anos, estar cursando no mínimo o segundo ano de graduação e estar devidamente matriculados nos cursos de Licenciatura em Pedagogia, Letras, Geografia, Matemática ou História do núcleo Clind a Uneal. O processo é totalmente eletrônico, garantindo transparência e segurança para todos os candidatos.
Impacto na vida pessoal e profissional
De acordo com o relatório mais recente da Seplag, 98% dos estagiários indígenas afirmam que o programa contribuiu significativamente para o seu crescimento profissional e educacional. Outros 91% observaram mudanças positivas em suas comunidades.
Além disso, 81% dos participantes relataram aumento de renda, e 76% passaram a investir na própria educação, adquirindo materiais e equipamentos. Em um cenário de vulnerabilidade, a segurança financeira proporcionada pelo programa impacta diretamente o bem-estar de famílias inteiras.
Um exemplo bastante claro da relevância do programa nas famílias está no relato da estagiária Ediene Maria, da escola Indígena Estadual José Máximo da tribo Wassu Cocal. “O estágio está sendo uma experiência riquíssima em conhecimentos. Cada dia é um novo aprendizado. Hoje, graças ao programa, estou preparada para estar em sala de aula. Sou mãe solteira de quatro filhos, hoje posso dar a eles o que precisam. Com a bolsa do programa comprei um notebook para poder estudar e organizar as minhas aulas. É gratificante saber que todo mês tenho condições para fazer as compras de casa e comprar roupas para as crianças. Sou grata por tudo que está acontecendo durante o meu estágio”, conta.
A secretária de Planejamento, Gestão e Patrimônio, Paula Dantas, também declara a importância da iniciativa para o Estado. “Com o Programa Primeiro Emprego Índigena, conseguimos dar oportunidade para que os jovens indígenas cresçam profissionalmente dentro das suas próprias comunidades. Além disso, o governo Paulo Dantas está entregando 13 escolas indígenas, que é algo único no nosso estado. Através dessas iniciativas, buscamos fortalecer a cultura, promover autonomia e ajudar a corrigir desigualdades históricas. Esses passos são de extrema importância para fazer de Alagoas um lugar mais justo, inclusivo e com mais representatividade”, destacou.
Com resultados concretos na permanência universitária, inserção no mercado de trabalho e fortalecimento da educação nas comunidades tradicionais, o Programa Primeiro Emprego Indígena demonstra sua relevância como política pública voltada à inclusão e ao desenvolvimento social.
Programa Primeiro Emprego
O formato geral do Programa Primeiro Emprego, que dá oportunidade para estudantes de diversos cursos superiores, teve novo edital publicado no último dia 26 de junho. As inscrições ficarão abertas até o dia 26 de julho e podem ser feitas através do site https://primeiroemprego.al.gov.br/.
Já sobre o Primeiro Emprego Índigena, de acordo com a coordenação do programa, ainda não há data prevista para um novo edital, mas que ao final do ciclo corrente, a gestão irá estruturar a nova programação de inscrição.