Para presidente, investimentos não podem ser vistos como gasto
por Andreia Verdélio e Daniella Costa – repórteres da Agência Brasil – Brasília
Foto: © Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na manhã desta terça-feira (23), que a economia brasileira vai crescer mais do que os especialistas falaram até agora.
“A economia em 2024 vai crescer mais do que todos os analistas econômicos falaram até agora, todos, sem distinção. E vai crescer porque as coisas estão acontecendo no Brasil.”
Durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente Lula desafiou os profissionais de imprensa a estudar o que tem ocorrido no país nos últimos 14 meses, sob a gestão dele.
“Vocês vão constatar que, nunca antes na história do Brasil, houve uma quantidade de política de inclusão social colocada em prática, algumas que já tínhamos feito e que tinham desaparecido e que estão voltando agora. E outras que começam a voltar.”
Gasto e investimento
Lula explicou ainda que o anúncio realizado nesta segunda-feira (22) de facilitação de crédito e renegociação de dívidas de microempreendedores individuais (MEI) e micro e pequenas empresas foi o grande último anúncio feito para preparar o país para o crescimento. “Nós semeamos a terra, plantamos a semente, adubamos, cobrimos a terra, estamos aguando, agora, é para colher.”
Lula entende que o Brasil vive um bom momento e, como presidente, se sente “extremamente satisfeito”. O presidente, no entanto, criticou que muitas vezes os investimentos feitos no país são vistos apenas como gastos. O presidente explicou que considera que investimentos em educação e, consequentemente, ter mão de obra qualificada, e oferecer crédito fazem um país crescer.
“O problema é que tudo no Brasil é tratado como gasto. Emprestar dinheiro para pobre é gasto, colocar dinheiro na saúde é gasto, colocar dinheiro na educação é gasto, colocar dinheiro em qualquer coisa, é gasto. A única coisa que não é gasto é superávit primário. Parece que a única coisa que se trata como investimento é isso. O que é gasto? Eu sempre brigo com isso, porque, no Brasil, às vezes, a gente discute coisas muito secundárias”, avaliou o presidente Lula.
Credibilidade externa
Lula ainda destacou o momento de recuperação gradativa da produção de veículos no Brasil e inauguração de fábricas. Segundo ele, os investimentos no país estão retornando, sobretudo, com os últimos anúncios na indústria automobilística. Para ele, o Brasil voltou a ter confiança no mercado internacional.
“O que aconteceu é que todas as empresas, sem distinção, anunciaram muito investimento [no país]. Em uma demonstração de que o Brasil goza, hoje, que uma credibilidade externa que a gente não tinha nem nos meus primeiros dois mandatos. A nossa volta e a garantia do processo democrático neste país geraram uma expectativa extraordinária”.
Cobertura da Imprensa
Na abertura do encontro com os jornalistas, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, criticou a cobertura da imprensa do lançamento do Programa Acredita, nesta segunda-feira (22) que, segundo o ministro, não teria dado o devido destaque ao conjunta medidas para democratizar o acesso ao crédito aos mais vulnerável do país.
Segundo Pimenta, em vez de divulgar o programa, os jornalistas noticiaram a brincadeira do presidente de cobrar os ministros, como o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“O presidente Lula fez uma brincadeira, como um recurso de retórica, que qualquer pessoa que estava lá presente, percebeu que se tratava de uma forma generosa e carinhosa que o presidente Lula, normalmente, faz com as pessoas que ele quer bem — ele fez uma brincadeira com o Alckmin, com Haddad, com Rui e com Wellington — nós tenhamos como manchetes de boa parte da imprensa brasileira não os anúncios.”
Tantos anúncios importantes, milhões de reais de crédito inédito acabam secundarizados, como se aquela brincadeira tivesse sido uma crítica, uma bronca, uma reprimenda do presidente Lula insatisfeito com a sua equipe ou com aqueles ministros que ele citou.
Para o ministro da Secom o encontro do presidente Lula com a imprensa na manhã desta terça-feira é uma oportunidade para qualificar a relação do governo com a imprensa. “Qualquer pessoa que tinha boa vontade, bom senso e que estava lá presente viu que foi uma brincadeira. Desse jeito, o presidente não vai poder nem brincar mais”, criticou.
Matéria ampliada às 13h30.
Edição: Denise Griesinger