Redação A Hora News
Legenda: Evento online será realizado em dois dias| Foto: Clarice Castro/MMFDH
Durante o “Fórum Nacional sobre Letalidade Infantojuvenil” que começou nesta quarta-feira (23), o governo federal, através do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), chamou a sociedade para conter assassinatos de crianças e adolescentes.
“Mais crianças e adolescentes estão sendo assassinados no Brasil do que em países em guerra”, lamentou a ministra Damares Alves durante o evento que foi realizado através de videoconferência.
Na oportunidade, a ministra mostrou como essa realidade compromete o presente e o futuro da nação. “Quantos presidentes da República, médicos e demais profissionais nós não perdemos na adolescência? Não podemos investir recursos e esforços na infância para depois perdermos esses meninos. Já chega dessa triste realidade”, protestou.
Para ela, é preciso dizer e agir, de fato, para que haja mudança. “E nós, enquanto gestores públicos, contamos com a colaboração da sociedade civil. Vocês têm que vir com a gente, nos ajude a encontrar respostas”, completou.
Entre os participantes estava o titular da SNDCA, Maurício Cunha, que apresentou números nacionais. “O ‘Relatório Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil revela que 689.627 crianças e adolescentes morreram por acidente de transporte, suicídio e homicídio, entre 1980 e 2013”, observou.
Ele citou que, segundo a publicação, crianças e adolescentes negros morrem proporcionalmente quase três vezes mais do que brancos. Apenas em 2013, no conjunto da população de até 17 anos de idade, a taxa de homicídios de brancos foi de 4,7 por 100 mil e a de negros, 13,1 por 100 mil.
“O relatório destaca que os homicídios são a principal causa do aumento drástico das mortes de crianças e adolescentes por motivos externos. Os assassinatos representam cerca de 2,5% do total de mortes até os 11 anos e têm um crescimento acentuado na entrada da adolescência, aos 12 anos, quando causam 6,7% dos óbitos nessa faixa etária”, lamentou.
De acordo com o documento, aos 14 anos, 25,1% das mortes ocorrem por homicídio, percentual que atinge 48,2% na análise dos óbitos aos 17 anos. Isso significa que o Brasil é o país em que mais morrem adolescentes vítimas de homicídios em todo o mundo, em números absolutos, com aproximadamente 10 mil mortes por ano.
Para o secretário Maurício, essa violência contra o público jovem é uma verdadeira tragédia nacional. “Desde 2012 a taxa de homicídios de adolescentes é mais alta do que a da população em geral. Esse é um fenômeno que precisa ser enfrentado de maneira urgente. É preciso falar sobre isso para que se encontrem soluções de consenso eficazes à luz dos direitos humanos”, disse.