Bioma exclusivamente brasileiro, ela se estende por boa parte do estado de Alagoas, ocupando cerca de 44% de seu território
por Laura Nascimento (sob supervisão)
IMA tem desempenhado um papel fundamental na implementação de políticas e ações de conservação e de preservação do bioma Caatinga – Foto: Juliana Cavalcanti
O Dia da Caatinga, comemorado neste domingo (28), é o momento oportuno para reforçar a importância da preservação desse importante bioma. Apesar da riqueza e biodiversidade que a caracterizam, a Caatinga enfrenta desafios decorrentes das mudanças climáticas, como processos mais intensos de seca e desertificação. Neste contexto, o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) destaca a urgência de proteger e preservar os diferentes ecossistemas deste bioma tão essencial à sustentabilidade ambiental e ao bem-estar das comunidades locais.
Em consonância com essa preocupação, a Organização das Nações Unidas (ONU) destaca, para o Dia do Meio Ambiente de 2024, a necessidade de “Restauração da terra, na desertificação e na resiliência à seca”. Esse tema ressalta a relevância global da preservação de ambientes como a Caatinga.
Resiliência
Quando se aborda a resiliência, um dos principais desafios impostos pelas mudanças climáticas é a diminuição do tempo de resposta para que os ambientes se recuperem após perturbações. Um fator preocupante, visto que a biodiversidade da Caatinga possui diversas espécies endêmicas, ou seja, que habitam apenas regiões onde o bioma ocorre. O menor tempo para se ajustar frente a perturbações pode diminuir a área de adequação dessas espécies, que podem, assim, correr risco de extinção.
Gabriela Cota, assessora ambiental de clima do IMA, explica que a recuperação das condições ambientais ideais para ocorrência e desenvolvimento de espécies após eventos climáticos extremos pode ser um processo lento, especialmente em áreas já vulneráveis, como a Caatinga. Esse cenário de instabilidade é exacerbado pela frequência e intensidade crescentes destes eventos, que dificultam o ajuste das espécies e de outros elementos naturais à nova realidade ambiental.
“Uma vez que esse ambiente tem seu tempo de resposta limitado para testar e perpetuar suas estratégias frente ao novo desafio climático imposto, a resiliência (a capacidade de se recuperar diante perturbações ambientais ou provocadas pelo ser humano) também se fragiliza. Assim, as chances de se observar o aumento de áreas atingidas pela desertificação, por exemplo, se tornam mais altas, o que favorece a vulnerabilidade que estes ambientes terão para lidar com perturbações, ou eventos climáticos extremos, seguintes”, descreve Cota.
Apesar de a Caatinga ser bastante associada às características do clima semiárido, por ser um ambiente seco e de baixos índices de precipitação, Gabriela reforça que os eventos climáticos extremos que assolam a Caatinga alagoana não são apenas relacionados à seca. Um exemplo disso foi tornado no município de Estrela de Alagoas, que se localiza em uma porção de Caatinga, no final de fevereiro de 2024.
“A partir das previsões de chuvas acima da média para o segundo semestre de 2024 no Nordeste, em virtude da chegada do La Niña, e as projeções do AdaptaBrasil (plataforma promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia) para riscos de impacto em desastres geohidrológicos envolvendo inundações, enxurradas e alagamentos para diversos municípios abarcados pela Caatinga alagoana, percebe-se que o que configura “mudança climática” é realmente a severidade de eventos climáticos, sejam eles de ordem de chuvas torrenciais, secas prolongadas ou até mesmo os raros tornados”, explica Cota.
Ações do IMA
O Instituto do Meio Ambiente tem desempenhado um papel fundamental na implementação de políticas e ações de conservação e de preservação, incluindo o início das atividades relacionadas ao Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PROPSA). Além disso, a criação de Unidades de Conservação na Caatinga tem contribuído tanto para reduzir ações humanas predatórias nestes ecossistemas alagoanos, quanto para a propagação de informação e educação ambiental sobre esta parte tão importante de Alagoas.
Nesse sentido, desde 2015 o estado de Alagoas avançou em 200% na criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), Unidades de Conservação cujo caráter perpétuo exige uma atenção contínua para sua manutenção, sendo, assim, objeto do primeiro edital de incentivo financeiro de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) em curso no estado, tendo passado por processo de Consulta Pública e, em breve, aberto para inscrições.
Além disso, a Semana da Caatinga promovida pelo IMA, que ocorreu nos municípios de Delmiro Gouveia e Água Branca, contou com diversas palestras com enfoque no bioma e sua preservação, além de diversas ações de conscientização e conhecimento desse bioma tão único e biodiverso.