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Assembleia debate doenças cardiovasculares como principal causa de morte entre mulheres

por Comunicação/ALE — publicado 01/12/2025 17h53, última modificação 01/12/2025 17h53

Em sessão especial realizada nesta segunda-feira, 01, parlamentares e especialistas debateram as doenças cardiovasculares, que representam a principal causa de morte entre mulheres no Brasil e no mundo, superando até mesmo os cânceres de mama e de colo do útero. Proposta pela deputada Rose Davino (PP), a sessão teve como objetivo conscientizar sobre os fatores de risco e a necessidade de políticas públicas de prevenção.

A deputada, que inspirou-se em uma experiência pessoal para trazer o tema, abriu os trabalhos explicando sua motivação. “A fonte de inspiração, o meu infarto, me levou a tudo isso. Eu estava em pleno processo eleitoral e eu tinha muitos sintomas. Como eu sou muito alérgica, achava que a falta de ar era a questão da respiração, mas já era um sintoma do infarto”, relatou Davino.

A parlamentar destacou a importância de organizar a saúde em redes de apoio. “Quando a gente organiza a saúde em redes de apoio, aí a coisa começa a acontecer. Então esse é o primeiro passo”, afirmou Davino. A parlamentar também é autora de projetos de lei voltados à proteção do coração da mulher alagoana. O primeiro institui a Semana Alagoana de Conscientização sobre as Doenças Cardiovasculares na Mulher, com o objetivo de promover campanhas educativas, palestras e ações de mídia que levem informação e incentivo à prevenção para toda a população. O outro propõe que a avaliação cardiocirculatória passe a integrar o protocolo do pré-natal na rede pública de saúde. Segundo a deputada, a gestação é um período de grande esforço para o sistema cardiovascular e pode revelar doenças silenciosas, colocando em risco a vida da mãe e do bebê.

A professora titular de Cardiologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), doutora Alaíde Mendonça Rivera, alertou para o desconhecimento sobre o tema. “Se você não sabe que a doença cardiovascular, no caso das mulheres, é a sua principal causa de morte e você não cuida de prevenir, então você não valoriza, por exemplo, a hipertensão, diabetes e o colesterol elevado, que são três dos principais inimigos”, esclareceu a especialista. A professora ressaltou ainda um dado crucial. “Com uma expectativa de vida que se aproxima dos 80 anos e considerando que a menopausa ocorre por volta dos 55 anos, a mulher pode viver cerca de 35 anos (quase metade de sua vida) sem a proteção do estrógeno, um hormônio com efeitos cardioprotetores. Esta constatação reforça a necessidade de cuidados específicos e contínuos em cada etapa”.

O deputado Doutor Wanderley (MDB), que também é cardiologista, reforçou o papel do Legislativo na formulação de políticas públicas de prevenção. “Esta sessão é de fundamental importância. Temos que escutar as pessoas, os técnicos, as pessoas simples também, para que a gente possa ajudar o governo a formular políticas públicas que possam promover saúde. Sobretudo, fundamentalmente, na área de prevenção”, defendeu o parlamentar. Ele também analisou a mudança no perfil epidemiológico, relacionando-a à inserção da mulher no mercado de trabalho. “Quarenta, cinquenta anos atrás, as mulheres ficavam em casa, tinham a alimentação adequada. Mas as mulheres hoje têm outro papel. Elas também saem para a rua e começaram a se expor aos mesmos riscos que os homens. Então hoje a doença cardiovascular é democrática, entre aspas. Ela atinge o homem e atinge a mulher e a gente não pode negligenciá-la”, concluiu o parlamentar.

Completaram a mesa de honra a presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia em Alagoas, doutora Roberta Nolasco; representando a Funbrasil, Camila Davino; e o médico cardiologista Marcelo Malta.