Debate abordou propostas da Prefeitura nas áreas de habitação, economia, transporte e segurança, e também apresentou dados sobre moradias e empregos na região
por Dicom/CMM
Foto: Dicom/CMM
A audiência pública sobre os impactos do novo Complexo Administrativo Municipal resultou em uma ampla discussão sobre o futuro do Centro e das regiões adjacentes, nesta sexta-feira (10), na Câmara Municipal de Maceió.
A sessão proposta pelo vereador Allan Pierre levou ao plenário representantes da Prefeitura, órgãos fiscalizadores e entidades que serão impactadas. De acordo com o parlamentar, o objetivo foi abrir um diálogo permanente entre o Poder Executivo Municipal e os setores interessados para conhecer mais detalhes e contribuir com sugestões.
“O que queremos da Prefeitura é saber o que se propõe para o Centro. O mais preponderante no complexo é que ele pode ser a nascente para revitalizar o bairro. Minha preocupação com essa audiência é saber quais são os impactos. Nasce um novo centro, mas precisa nascer no aspecto econômico, histórico, cultural, gastronômico”, apontou.
O presidente da Casa, Chico Filho, disse que a audiência é um espaço para construir possibilidades e dialogar sobre o andamento do processo de revitalização. Ele citou a tendência mundial de as cidades voltarem a movimentar os centros, mas ressaltou que há impactos, resistência e adaptação.
“Na questão habitacional, nosso plano diretor já permite reocupar prédios abandonados e o prefeito está para lançar um projeto de incentivo a habitações no Centro. O BRT será também um marco, mas não podemos fechar os olhos para o problema que a Braskem nos trouxe: hoje temos só duas vias que ligam a parte baixa à parte alta. Então nós, vereadores, teremos a responsabilidade de induzir, através das ferramentas que temos, a possibilidade dessas moradias”, expôs.
Estiveram presentes também os vereadores Neto Andrade, Kelmann Vieira, Samyr Malta, Silvania Barbosa, Jeannyne Beltrão e Teca Nelma.
De acordo com o secretário-presidente do Instituto de Pesquisa, Planejamento e Licenciamento Urbano e Ambiental (Iplam), Antonio Carvalho, foi realizado um estudo técnico aprofundado que identificou mais de 210 imóveis abandonados ou subutilizados e uma desvalorização imobiliária de mais de 40% na região.
Ele afirmou que o Centro tem perdido a vitalidade e o fluxo de pessoas, e o intuito da Prefeitura é dar uma resposta ampla ao problema, dentro dos eixos de habitação, incentivando a moradia, cultura, turismo e lazer e de ocupação institucional, além de estimular o comércio.
“Mais do que construir uma estratégia que se limita a obras pontuais, esse é o começo de uma jornada de transformação sistêmica e sustentável. Nossa meta é converter imóveis subutilizados em habitação de interesse social, trazendo a vida noturna que o Centro já teve, com segurança nas ruas”, disse.
Representantes da Prefeitura também citaram que está previsto no projeto o videomonitoramento das ruas e a reorganização do transporte público. Segundo dados do setor produtivo, 40 mil pessoas circulam na região todos os dias, mais do que a soma dos três shoppings centers da capital. No entanto, 80% dos trabalhadores moram na parte alta.
O Centro emprega quase 30 mil pessoas, perdendo apenas para o setor público. Mas, segundo o Sebrae, a taxa de fechamento das empresas é de 33%, sendo a maioria micro e pequenas, com média de três funcionários cada uma.
“Espero muito que a realidade do Centro venha se transformar, porque vai ser o maior legado da gestão para Maceió, em uma região que detém 14% do PIB da cidade e representa o sonho e o sustento de vários maceioenses”, declarou o vice-presidente da Associação Comercial, Marcos Tavares.
O deputado estadual Alexandre Ayres destacou a necessidade de pensar as mudanças de forma integrada à Região Metropolitana, tendo em vista a migração de parte da população maceioense para os municípios vizinhos, por conta do afundamento de solo causado pela mineração.
Participaram da audiência representantes do Ministério Público Estadual, Ademi, Creci, Associação Comercial, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Sebrae, Fecomércio, Ufal e sociedade civil.