/Setembro Verde: conheça a história do empresário que salvou a vida do pai ao doar parte do fígado

Setembro Verde: conheça a história do empresário que salvou a vida do pai ao doar parte do fígado

Com Hepatite B, homem recebeu doação de fígado do filho para continuar vivo; entenda como é o procedimento

por Ruana Padilha / Ascom Sesau

Foto: Eduardo Leão

Quando soube que seu pai, Vilmar Pinto, então com 48 anos, precisaria de um transplante de fígado, o empresário alagoano Victor Alvim não pensou duas vezes e se dispôs a doar o órgão. Com o custeio assegurado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a equipe médica fez os exames de compatibilidade, e ele foi aprovado para ser doador. O transplante intervivo foi realizado no dia 12 de agosto de 2005, na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná. E quase 20 anos depois, o empresário relembra, emocionado, os momentos de tensão vividos por toda a família, desde a descoberta da doença do pai até a angústia para encontrar um doador compatível.

“Nunca fui pressionado a ser o doador, foi minha vontade de salvar a vida de um homem que, aos 48 anos, tinha uma vontade absurda de viver. Não era justo que a vida terminasse ali. Na verdade, não era só a vida dele, mas de toda a família! Foi um processo muito doloroso acompanhar o que ele passou, e, graças a Deus e à Medicina, conseguimos realizar esse transplante”, recordou.

O transplante de fígado intervivos é a técnica na qual uma parte do fígado de uma pessoa saudável é retirada e colocada no receptor que possui doença hepática grave. O fígado do doador se regenera em algumas semanas, e a parte transplantada também cresce, desempenhando as funções de um órgão completo.

Atualmente, com 67 anos, Vilmar Pinto relata que estava realizando exames de rotina quando o médico constatou alterações nas taxas hepáticas. “A médica me informou que as taxas de Hepatite B estavam muito altas e que seria necessário iniciar quimioterapia. Seis meses depois, fiz outro exame, que apresentou um tumor de 11 centímetros no fígado. Tentamos reverter com quimioterapia localizada, mas tive um problema na veia aorta, que começou a comprimir”, relembrou.

Orientado a realizar o transplante de fígado intervivos devido ao tempo longo de espera na lista convencional, Vilmar compartilhou a notícia com os filhos. “Desmoronei ao contar para meus filhos. Foi quando meu filho disse: ‘Vamos lá, painho. Se eu puder, vou doar para você’. Realizamos a cirurgia em Curitiba […] Como é importante se declarar doador! Doar um órgão salva vidas. É uma alegria imensa para quem doa e, especialmente, para quem recebe”, acrescentou emocionado.

O secretário de saúde de Alagoas, Gustavo Pontes de Miranda, destacou a importância da conscientização sobre a doação de órgãos. “Histórias como a do Victor e do seu pai nos mostram o poder transformador da doação de órgãos. A medicina evoluiu, mas a solidariedade humana é essencial para salvar vidas. Por meio da Sesau [Secretaria de Estado da Saúde], seguimos trabalhando para fortalecer a estrutura de transplantes no Estado”, afirmou o gestor da saúde estadual.

TRANSPLANTE INTERVIVOS

A coordenadora da Central de Transplante de Alagoas, Daniela Ramos, explicou que o fígado é um dos poucos órgãos que permite o transplante intervivos. “O fígado e o pulmão podem ser doados em vida, pois se regeneram mais facilmente”, afirmou.

De acordo com ela, uma das vantagens do procedimento intervivo é o tempo reduzido de espera. “Se há compatibilidade com um doador vivo, o receptor não precisa esperar na lista. Isso facilita muito o processo”, completou, ao salientar que, “para ser doador em vida, é necessário ter mais de 18 anos e declarar a vontade por escrito, além de ter vínculo familiar de até quarto grau com o receptor”.