por Comunicação/ALE — publicado 09/05/2023 17h18, última modificação 09/05/2023 17h18
Em pronunciamento nesta terça-feira, 9, uma crítica do deputado Ronaldo Medeiros (PT) à gestão do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, iniciou um grande debate entre os parlamentares. Medeiros disse ter ficado assustado com a quantidade de denúncias em comunidades carentes da capital sobre postos de saúde que não funcionam, transportes públicos em horários insuficientes ou falta de creches. E como, de forma equivocada e desinformada, a população cobra o Governo do Estado por ações que são de responsabilidade da Prefeitura.
“A Prefeitura Municipal está um caos! E, de forma oportunista, a administração municipal se apropria de construções ou reformas realizadas pelo Estado”, acusou Medeiros, que deu como exemplo o Vida Nova nas Grotas, do Governo do Estado, e o Brota na Grota, da Prefeitura. “O Governo do Estado faz tudo bonito, reforma a casa, cria quadras e depois chega uma placa enorme da Prefeitura se apropriando das melhorias para iludir a população”, acusou o deputado.
Ao criticar o prefeito por “se apropriar de ações estaduais”, Medeiros reforçou ainda pontos em que a Prefeitura não age, como é o caso das creches. “Ouço mães pedindo creches para seus filhos, para que elas possam trabalhar, enquanto a Prefeitura nada faz. O Estado ofereceu 20 creches para Maceió. Quantas vezes o prefeito teve ao menos a boa vontade de responder à oferta? Nenhuma!”, acusou o deputado do PT, afirmando que o prefeito recusou verbas estaduais. Segundo ele, essas creches atenderiam 4 mil crianças. “São milhares de mães que precisam abrir mão do trabalho, pois não têm onde deixar seus filhos”, disse ele, afirmando ser uma atitude criminosa ter uma creche oferecida e não usufruir.
“Ele terceirizou a Saúde, não constrói creches e não tem a coragem de fazer obras próprias. A gestão é um caos! Não há educação em tempo integral. A Saúde Básica é uma das piores do Brasil”, concluiu Medeiros, ressaltando que acontece um “abandono total das políticas públicas”.
Aparte
Em aparte, o deputado Alexandre Ayres (MDB) informou que, como integrante da Comissão de Saúde, foi informado em reunião no Tribunal de Justiça que mais de 2 mil crianças em Maceió receberam diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista., mas estão sem tratamento. “Presente na reunião, a técnica de saúde da Prefeitura disse não saber o que fazer”, continuou o deputado. “Quando secretário de Estado de Saúde, entreguei seis UPAs na capital, que hoje oferecem atendimento precário. Não adianta vender Maceió Massa se o povo está infeliz, doente e sem Educação”, concluiu Ayres.
O deputado Doutor Wanderley (MDB) reforçou que o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite, ou seja, das três esferas de Governo: federal, estadual e municipal, por meio da vinculação de orçamento da seguridade social. “Quando uma das partes não funciona, como tem sido o caso de Maceió, desorganiza tudo”, afirmou o parlamentar, também cardiologista.
“Quando um câncer não é detectado no atendimento básico, ele precisa ir para a emergência. Isso pode ocupar salas em casos simples, como uma retirada de vesícula, onde também se tornam de emergência por não encontrar vaga”, explica Wanderley, dizendo que se a Prefeitura de Maceió não assumir essa responsabilidade, é preciso que o município seja desabilitado, descredenciado. “E que o Governo do Estado assuma”, disse ele, afirmando que a situação atual é criminosa. “Sem atendimento primário, o sistema de saúde está desorganizado”, concluiu o deputado, afirmando que há recursos repassados, mas que não estão sendo aplicados.
Dudu Ronalsa (MDB) listou uma série de ações do Governo do Estado que teriam sido apropriadas pela Prefeitura: Gruta da Freira, Marco dos Corais, duplicação e asfaltamento de ruas. “Ele coloca uma placa e diz ser dele”, acusou Ronalsa, aproveitando para criticar até mesmo o trânsito na capital. “Abrir vias no Vera Arruda não solucionaria o caos em outros locais”.
A deputada Cibele Moura foi outra crítica da gestão municipal: “A Maceió do Instagram não é real. ‘Maceió é Massa’ não se aplica às pessoas, como mães que não encontram médicos ou creche para seus filhos”, disse Cibele, reclamando também da falta de projetos para melhoria no trânsito. “Não constrói viadutos. Não há um projeto ou estudo”, encerrou ela, salientando o fato de Maceió ter menos mulheres no secretariado em comparação a outras capitais.
Contraponto
Por fim, a deputada Rose Davino (PP) fez um contraponto, dizendo que não só Maceió, mas Alagoas é pobre e fazer gestão de Saúde sem recursos não é fácil. “Não há prevenção, não há promoção. É muito difícil fazer Saúde”, lembrou ela, dando como exemplo um momento em que foi responsável por uma ação privada de Saúde. A deputada também narrou o infarto que sofreu no ano passado. “Não havia médico na UPA, apenas me deram morfina. Se eu não tivesse recebido o atendimento no Hospital do Coração eu não estaria aqui”, encerrou a deputada.
No último aparte, Cabo Bebeto (PL) fez a ressalva de que a gestão de João Henrique Caldas teve início apenas em 2021 e que pendências seriam culpa da gestão anterior. Bebeto elogiou o Renasce Salgadinho, um projeto que busca revitalizar o riacho que corta a cidade, e falou sobre gastos em saúde. “Em 6 de fevereiro deste ano, no Ministério Público, houve uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, na qual ele se comprometeu a repassar recursos do Estado para a Prefeitura, mas isso não aconteceu”, disse o deputado, afirmando ter em mãos uma ata listando valores atrasados que prejudicam atendimentos ou até mesmo poderiam fechar unidades.
Prontamente, Medeiros deu outra informação. “O Estado não deve nada. Na verdade, faltam entregas das faturas, que estão fora do prazo ou com dados errados”, afirmou o deputado, dizendo que há um caso em que até mesmo um diretor de uma unidade teria feito empréstimos sem que o restante da direção soubesse dessa dívida extra.