No lançamento da candidatura de Lula, Fernando Haddad, coordenador do programa de governo do PT, disse que o ex-presidente foi sondado e rejeitou o acordo: se desistisse de candidatura, seria solto
por iG São Paulo
(Acampamento em apoio ao ex-presidente Lula próximo à sede da PF em Curitiba, onde o petista está preso – Foto: Ricardo Stuckert)
No ato de lançamento da candidatura de Lula à presidência da República, Fernando Haddad, coordenador do programa de governo do PT, disse que o ex-presidente foi sondado sobre um possível acordo: ele deixaria a prisão caso aceitasse não concorrer nas eleições de 2018.
“Acenaram para o Lula com um acordo”, contou Haddad , “abre mão de sua candidatura que você sai da cadeia, que a gente liberta você”.
Lula, narrou Haddad, disse não, e acrescentou: “me apresentem uma prova [de que ele agiu de forma corrupta] que eu abro mão da minha candidatura”.
Haddad, que tem sido apontado em pesquisas eleitorais como possível substituto de Lula caso o ex-presidente tenha sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral, não apresentou mais detalhes sobre o suposto acordo.
Candidatura lançada
O PT lançou oficialmente, na sexta-feira (8), a pré-candidatura de Lula à Presidência. O ato aconteceu em um hotel em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Aproximadamente duas mil pessoas participaram do evento, entre elas a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, governadores e parlamentares da legenda.
Durante o evento, a ex-presidente Dilma Rousseff leu uma carta escrita por Lula, o “Manifesto ao Povo Brasileiro”. Preso há dois meses em Curitiba, Lula pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o que inviabilizaria sua candidatura à presidência. No entanto, o ex-presidente lidera nas pesquisas de intenção de voto.
“Há dois meses estou preso, injustamente, sem ter cometido crime nenhum”, escreveu Lula no manifesto lido por Dilma, que prossegue: “fui privado de conviver diariamente com meus filhos e minha filha, meus netos e netas, minha bisneta, meus amigos e companheiros. Mas não tenho dúvida de que me puseram aqui para me impedir de conviver com minha grande família: o povo brasileiro”.
Após fazer a crítica de sua prisão, o ex-presidente lamenta a situação de crise da economia e política brasileira e se coloca como alternativa na corrida presidencial de outubro.
“Tenho certeza que podemos reconstruir este País e voltar a sonhar com uma grande nação. Isso é o que me anima a seguir lutando (…) assumo esta missão porque tenho uma grande responsabilidade com o Brasil e porque os brasileiros têm o direito de votar livremente num projeto de país mais solidário, mais justo e soberano, perseverando no projeto de integração latino-americana.”
O ex-presidente Lula conclui o comunicado afirmando que seu reencontro com os eleitores “só não ocorrerá se a vida me faltar”.